AYAHUASCAMEDICINAS DA FLORESTA

História do uso indígena da Ayahuasca

História do uso indígena

Era utilizada pelos incas ou, melhor, pelo complexo histórico cultural assim denominado. Segundo Darcy Ribeiro, apesar das diferenciações linguísticas e das variantes culturais e nacionais, o bloco inteiro deve ser encarado como uma só macro-etnia: a neo-incaica. Numa avaliação que fez em 1960, publicada no livro “As Américas e a civilização”, encontrou-se uma população de 15,5 milhões de habitantes, na área montanhosa de 3 000 quilômetros de extensão que vai do Norte do Chile ao Sul da Colômbia, cobrindo os atuais territórios da Bolívia, Peru e Equador. Destes, 7,5 milhões são considerados indígenas, 3 milhões, brancos por autodefinição e 5 milhões de mestiços.

Os primeiros relatos do uso indígena de ayahuasca, no Ocidente, são dos missionários jesuítas Pablo Maroni em 1737 e Franz Xaver Veigl em 1768, que descreveram um cipó (liana) conhecido como ayahuasca, “usado para adivinhação, mistificação e enfeitiçamento”, enquanto estiveram no Rio Napo. Estima-se entretanto que populações indígenas utilizem bebidas com estas plantas há aproximadamente cinco mil anos, oito mil anos ou pelo menos 3.500 anos.

A ayahuasca é utilizada tradicionalmente em países como Estados Unidos, Austrália, Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Brasil e ainda por pelo menos 72 diferentes tribos indígenas da Amazônia. Há estimativas do início da sua utilização e dispersão entre as tribos ameríndias entre 1500 e 2000 a.C., estando, entre os principais estudos dessa datação, os realizados pelo etnógrafo equatoriano Plutarco Naranjo, que sumariou a pouca informação disponível sobre a pré-história da ayahuasca a partir de evidências arqueológicas abundantes em vasos de cerâmica, estatuetas antropomórficas e outros artefatos.

Atualmente, já se observa um cuidado das autoridades sanitárias, governamentais e das próprias etnias que fazem uso da bebida em reconhecê-la como patrimônio cultural e de padronizar sua utilização, como é o caso da UMIYAC – Unión de Médicos Yageceros de la Amazonía Colombiana, que reúne representantes das etnias: inga, cofán, siona, kamsá, coreguaje, tatuyo e carijona.

Postado por Fabio Donatz
membro do Chamado da Floresta
Fabio Donatz